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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Material de Apoio - História



Conceitos temáticos - Idade Média

Igreja no início da Idade Moderna:

Com o surgimento dos Estados Nacionais, o papado romano é forçado a estabelecer acordos com alguns reis (concordatas), que ganham o poder de nomear bispos e abades, em troca de apoio da Igreja em seus reinos. A Igreja também difunde a idéia de que todas as ações desses monarcas estavam de acordo com princípios divinos, reforçando a autoridade real nascente.
Usura:
A prática comercial diária mostra que a utilidade do uso de uma soma considerável de dinheiro não é pequena, nem permite dizer que o dinheiro por si não frutifica; pois nem mesmo os campos frutificam sozinhos, sem gastos, trabalho e indústria dos homens. O dinheiro, da mesma forma, mesmo quando deve ser devolvido dentro de um prazo, proporciona nesse período um produto considerável, pela indústria do homem. E por vezes priva a quem empresta de tudo aquilo que traz a quem o toma emprestado. Portanto, toda a condenação, todo o ódio à usura, deve ser compreendida como aplicável à usura excessiva e absurda, não à usura moderada e aceitável.(Charles Dumoulin na França do século XVI)
v      Com a crise, os padres, bispos, cardeais e o próprio papa procuram aumentar seus rendimentos e o da Igreja, o que acaba por ampliar e tornar mais visível a corrupção e a avareza da Igreja.
Peste Negra:
v      Disseminou o medo entre a população, ocasionando a fuga de grande número de indivíduos. Modificou muito a relação dos indivíduos com a Igreja e o pensamento religioso.
Eles fogem uns após os outros e mal se pode encontrar alguém para tratar e consolar os doentes. Em minha opinião, esse medo, que o diabo põe no coração dessas pobres pessoas, é a peste mais temível. Fogem, o medo perturba sua cabeça, abandonam a família, o pai, os parentes; aí está sem nenhuma dúvida o castigo por seu desprezo ao Evangelho e por sua horrível cupidez. (Lutero em Wittenberg, 1539, durante um surto de peste).
[...] a praga da ausência de pastores grassa de alto a baixo na hierarquia eclesiástica: os verdadeiros responsáveis pelos bispados, paróquias e benefícios confiam suas ovelhas a mercenários pagos miseravelmente e vão gozar a vida alhures. (Consilium delectorum cerdinalium et aliorum praelatorum de emendand Ecclesia. 1538).
Busca por outras fontes de renda:
v      Intensifica-se a venda de cargos eclesiásticos, a criação de dioceses e paróquias. O comércio de artigos religiosos cresceu de tal maneira que alguns críticos denunciavam quer foram vendidos nada mais que cinco tíbias do jumento montado por Jesus, doze cabeças de João Batista, penas no Espírito Santo, etc.
v      O que provocou reações mais fortes foi a venda de indulgências: um perdão concedido pelo papa, na totalidade ou em parte, ao castigo devido, nesta vida ou no purgatório, por um pecado acometido pelo indivíduo. Sobre as punições do inferno ela não tinha influência nenhuma.
  • Na Idade Média, foram concedidas indulgências apenas como prêmio a indivíduos que tinham realizado obras de caridade, participado de cruzadas e guerras santas, etc. No período da Renascença passaram a ser comerciadas por bispos, padres, monges e inclusive banqueiros a serviço de Roma.
É incrível que esse monge ignorante disse e pregou. Deu cartas seladas, que declaravam que até os pecados que um homem tencionava cometer seriam perdoados. O papa, dizia ele, tem mais poder do que todos os Apóstolos, todos os anjos e santos, mais até que a própria Virgem Maria; pois estes eram todos subordinados a Cristo, mas o papa era igual a Cristo. (Myconius, frade franciscano, Alemanha, 1517).

Erasmo de Rotterdam: a crítica dentro da Igreja

Monge agostiniano, bacharel e professor de Teologia
“Que diria Jerônimo se pudesse ver o leite da Virgem exibido por dinheiro, recebendo tanta veneração quanto o corpo consagrado de Cristo; os óleos milagrosos; os fragmentos da verdadeira cruz, suficientes, se reunidos, para fabricar um grande navio? Aqui temos o capuz de São Francisco, ali a saia de Nossa Senhora, ou o pente de Santa Ana… não apresentados como auxiliares inocentes da religião, e sim como a substância própria da religião – e tudo pela avareza dos padres e hipocrisia dos monges que brincam com a credulidade do povo”. (Erasmo, 1518)
“Gostaria que a mais fraca mulher lesse os Evangelhos e as Epístolas de São Paulo [...] Gostaria que essas palavras fossem traduzidas para todas as línguas, a fim de que não só os escoceses e irlandeses, como também turcos e sarracenos pudessem lê-las. Anseio por que o lavrados as cante para si mesmo quando acompanha o arado, o tecelão as murmure ao som de sua lançadeira, que o viajante iluda com elas a monotonia da jornada” . (Idem)

Lutero

Professor de Teologia na Universidade Wittenberg e monge.
“Não se trata aqui somente dos pecados cometidos com obras, palavras e pensamentos, mas também da inclinação para o mal. É um erro crer que este mal possa ser curado com obras, posto que a experiência demonstra que, apesar de todas as boas obras, esta inclinação para o mal subsiste e ninguém está isento dela, nem sequer uma criança de um dia [...]. Desta forma, somos pecadores aos nossos olhos e, apesar disso, estamos justificados perante Deus se tivermos fé. No entanto, a natureza é natural e inevitavelmente má e viciada”. (Lutero, Comentários à Epístola aos Romanos, 1515-16)
“Se Roma assim acredita e ensina com o conhecimento dos papas e cardeais (que eu espero não seja o caso), então nestes escritos declaro livremente que o verdadeiro Anticristo está sentado no templo de Deus e reina em Roma – essa Babilônia tinta de roxo – e que a Cúria Romana é a Sinagoga de Satanás [...]. Se a fúria dos romanos assim continuar, não haverá outro remédio senão os imperadores, reis e príncipes rodeado de forças e armas, atacarem essas pestes do mundo, e não mais resolver o assunto com palavras e sim com a espada. [...] Se nós abatemos os ladrões com a força, os salteadores com a espada, os hereges com o fogo, por que não atacarmos em armas esses senhores da perdição, esses cardeais, esses papas e toda essa cloaca da Sodoma romana que corrompem sem cessar a Igreja de Deus, e lavarmos as mãos em seu sangue? “(Lutero, 1520)

Reforma na Inglaterra: Henrique VIII

“Possa ser do agrado de Vossa Graça mandar cessar essas injustas exigências que nos faz a Igreja de Roma [...] E, no caso que o Papa queira instaurar um processo contra esse reino para obter as anatas, possa agradar a Vossa Majestade ordenar no presente parlamento que se retire da Igreja de Roma a obediência de Vossa Majestade e do Povo”. (Carta do sínodo dos Bispos ingleses ao rei Henrique VIII, 1532)
“O Rei é o chefe supremo da Igreja da Inglaterra [...]. Nesta qualidade, o Rei tem todo poder de examinar, reprimir, corrigir tais erros, heresias, abusos, ofensas e irregularidades que sejam ou possam ser reformadas legalmente por autoridade espiritual, a fim de conservar a paz, a unidade e a tranqüilidade do Reino, não obstante todos os usos, costumes e leis estrangeiras, toda autoridade estrangeira…” (Ato de Supremacia, 1534).
“Nossa vontade é que, antes de recolherdes nossas bandeiras novamente, façais uma execução tão terrível de um bom número de habitantes de cada cidade, vila e aldeia que participam dessa ofensa, que elas possam ser um espetáculo horroroso para todos os demais que, daqui em diante, quiserem agir de modo semelhante [...]. Como todas essas revoltas surgiram por solicitação e traiçoeiras conspirações de monges e cônegos daquelas regiões, desejamos que vós, nesses lugares que conspiraram e opuseram resistência, mandeis, sem piedade e formalidades, deter sem mais demora ou cerimônia, todos os monges e cônegos que, de qualquer modo, forem culpados. “(ordens de Henrique VIII aos comandantes militares, 1537).

Calvino e a doutrina da predestinação

“Chamamos de predestinação ao eterno decreto de Deus com que sua Majestade determinou o que deseja fazer a cada um dos homens: porque Ele não cria a todos em uma mesma condição e estado; mas ordena a uns a vida eterna e a outros a perpétua condenação. Portanto, segundo o fim a que o homem é criado, dizemos que está predestinado ou à vida ou à morte [...]” (Calvino, instituição da religião cristã, 1536)

Contra-reforma e Concílio de Trento

“Como a natureza humana não pode elevar-se facilmente as coisas divinas sem uma ajuda exterior dos sentidos, a Igreja, em sua bondade, instituiu diversos ritos: certas palavras da missa serão pronunciadas em voz baixa, outras em voz alta. A Igreja prevê cerimônias apropriadas, bênçãos, luzes, incenso, vestimentas e muitas outras coisas que procedem da disciplina e da tradição apostólicas. Por esses sinais visíveis da religião e da piedade, enquanto se recordam da majestade de tão grande sacrifício, os espíritos dos fiéis se elevam à contemplação das realidades celestiais ocultas neste sacrifício. “(Resoluções do Concílio de Trento, 1563)
“ I – Se alguém disser que o homem se pode justificar para com Deus por suas próprias obras, [...] ou pela doutrina da lei, sem a divina graça adquirida por Jesus Cristo, seja excomungado.
V – Se alguém disser que o livre arbítrio do homem está perdido e extinto depois do pecado de Adão, ou que ele é um simples nome sem objeto, ou que ele é uma ficção introduzida pelo Demônio na Igreja, seja excomungado “. (Idem)
“Se a vontade humana, tocada pela misericórdia preveniente, faz um esforço para executar a vontade de Deus, então Deus lhe concede a verdadeira Graça, e, se o homem responde favoravelmente por suas boas obras, então ele a merece para a vida eterna. A Graça é necessária, mas não prejudica o livre-arbítrio, não é constrangedora”.  (Idem)
Inácio de Loyola
“[...] nos ofereceremos ao Pontífice Supremo, enquanto senhor da messe universal de Cristo, e, neste oferecimento, significamos-lhe que estávamos prontos a tudo o que resolvesse fazer de nós em Cristo. [...] Por que motivos nos ligamos com tal compromisso à vontade do Pontífice? É por sabermos que ele conhece melhor do que ninguém o que convém ao cristianismo universal”. (Fabro, Carta a Diogo de Gouvêa, 1538)
Companhia de Jesus
“Ao verem que não havia entre ele chefe nem superior; exceto Jesus Cristo, a quem queriam servir com exclusão de qualquer outro, pareceu-lhes bom tomar o nome daquele que tinham como chefe e chamar-se Companhia de Jesus “. (Polanco, Summarium Hispanicum)
“A escolha de um lugar ou outro está mais seguramente orientada se se tiver diante dos olhos a regra maior do serviço divino e bem universal. Assim na vinha imensa de Cristo Nosso Senhor, parece se deve escolher, em igualdade de circunstâncias, como em tudo o que se segue se há de sempre entender, a região que mais necessitada estiver; quer pela falta de operários quer pela miséria e fraqueza em que se encontra o próximo, quer pelo perigo que ele corre de condenação eterna” . Constituições da Companhia de Jesusp. 165 v. 2

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